terça-feira, 20 de setembro de 2011

O ciclo do problema da energia

    Ontem, vendo no noticiário os protestos contra a energia nuclear no Japão, me vieram alguns pensamentos à cabeça. Se ecoou na cabeça, então achei que devia postar neste blog (afinal foi para isso que o criei não é mesmo?)
    Acho muito válido as pessoas protestarem com relação ao que não concordam. De fato se a população não mostrar sua indignação as coisas continuam estagnadas. Mas nunca fui adepto do “protestar contra” e sim do “protestar a favor”. A diferença? Simples: protestando contra o uso da matriz nuclear para produção de energia estamos claramente nos posicionando, mas não estamos contribuindo para a solução de um problema, pelo contrário, estamos criando apenas novos problemas; por outro lado, protestando a favor de algo, estamos da mesma forma colocando nossas opiniões, mas estamos também propondo uma solução aos problemas.
    Por conta desse meu posicionamento, me coloquei a pensar: qual seria o substituto da energia nuclear para o Japão? A favor de que eu protestaria nessa circunstância? Afinal, por mais controle e segurança que possa haver no uso da energia nuclear ela é perigosa e nociva e o desastre de Fukushima não nos deixa mentir. Daí cogitei as opções existentes (ao menos as que eu conheço): hidroelétricas não são viáveis para o Japão por conta de sua geografia e hidrografia; energia eólica não produz uma quantidade suficiente de energia para abastecer os níveis de consumo japoneses; termoelétricas atualmente são as piores opções por conta dos altos níveis de poluição que geram; energia solar é muito interessante, mas suas limitações técnicas não possibilitam a produção de energia em níveis necessário para abastecer um país com o Japão, além do que no período de inverno é uma fonte inútil de energia; um novo modelo baseado em células de hidrogênio pode até ser viável, mas tecnologias e estruturas para exploração em larga escala desse modelo teriam que ser criadas ainda, além do que seria uma matriz extremamente cara.
    Diante de tal quadro, cheguei à inevitável conclusão (aliás, a mesma conclusão das autoridades japonesas): o Japão não tem alternativa, a não ser continuar a depender da energia nuclear.
    Em paralelo a isso, mais à noite, minha mãe estava lendo na internet uma matéria sobre os novos modelos de carros elétricos já disponíveis nos mercados europeu, estadunidense e mesmo brasileiro. A questão dos carros elétricos é a pauta do momento na indústria automobilística. A maioria das grandes marcas está desenvolvendo estudos sobre o assunto e apresentado modelos que sejam cada vez menos dependentes de motores a combustão. Isso é algo excelente, pois motores elétricos não geram poluição e os escapamentos de automotores são um dos principais contribuintes para o efeito estufa, aquecimento global e outros danos ao meio-ambiente.
    Aparentemente esse cenário é muito interessante e promissor, mas aí me pergunto: de onde virá a energia para alimentar as baterias dos carros elétricos? Imaginemos o futuro ideal onde 90% da frota de automotores seja movida apenas por eletricidade. Provavelmente vamos abastecer o carro na tomada de casa, como os modelos e protótipos atuais. E de onde virá a energia que abastece nossas casas? No caso do Brasil, das hidrelétricas, que têm sido a nossa principal matriz energética nas últimas décadas e ainda tem potencial de expansão. Mas e no caso dos países do norte que não podem contar com essa matriz limpa e ainda dependem de termoelétricas ou usinas nucleares (como o caso do Japão)? Uma frota crescente de veículos elétricos implica diretamente numa crescente demanda por energia elétrica e consequentemente no aumento do número e/ou capacidade de estações produtoras baseadas ou num modelo altamente poluente ou num modelo pouquíssimo seguro e que as populações civis cada vez mais protestam pelo fim. Ou seja, ou estamos arriscados a trocar 6 por ½ dúzia (com as termoelétricas) ou a viver com uma bomba nuclear no quintal de casa (com as usinas nucleares).
    Espelho, espelho meu, tem aí alguma idéia revolucionária que vai dar fim a esse impasse? Rezemos para que sim!




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