quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Moda – a ditadura perfeita

Algumas pessoas já ouviram isso de minha parte. Sim, a moda é o tipo mais perfeito de ditadura que existe. Querem ver?

Se por exemplo quisesse comprar camisetas bem coloridas, aquelas cores vivas (ciano, laranja, amarelo gema) que eram bem comuns em roupas masculinas jovens na virada da década de 90 para os anos 2000. Impossível de achar! Caso encontre, vai ser da onda dos “coloridos”, camisetas com a gola em “V” decotada até o meio do peito, com corte slim (entenda-se magérrimo) e possivelmente quase uma baby look de tão curta que vai ser. Camisetas “normais” só encontramos aquelas cores meio desbotadas, um vermelho terra, um verde surrado ou azul bem comportado, um roxo.

Outro exemplo, este real. Minha mãe está tentando achar uma rasteirinha ou tamanco baixo, mas que não seja de dedo e de preferência sem strass. Era comum no meio da década de 90 esse tipo de calçado feminino e hoje simplesmente não se encontra.

Acho que todos nós já nos deparamos com uma situação em que precisamos comprar determinada peça de roupa ou acessório e não encontramos absolutamente nada que nos agrada. Ou então, queremos substituir alguma peça que já está gasta, mas não encontramos (nunca mais) uma peça que seja nem ao menos parecida (meu caso com uma camisa manga ¾ preta risca de giz ...)

Dessa forma, a moda se faz como uma ditadura perfeita. Se alguém ainda não sacou, explico melhor. Uma elite de estilistas, empresários do ramo da moda, tecelagem e afins decide o que as pessoas devem usar e o que deve ser banido dos guarda-roupas. Então produzem as roupas que eles querem e acham que todos vão gostar. Inundam o mercado com essas peças, que acabam sendo copiadas (em diferentes níveis) por lojas e grifes menores. Consequência: você que precisa comprar roupa acaba sendo obrigado a comprar o que existe disponível para não correr o risco de ficar pelado por aí ou ter que usar aquelas roupas já surradas e gastas. Conclusão: você acaba usando o que esse grupo de elite da moda ditou como “tendência” e não o que você realmente quer. 

Até aí, você pode pensar, esse é o poder do capitalismo. Mas vamos mais além. O capitalismo tem sempre um fator limitante muito importante: o consumidor. Muitas vezes ele acaba engolido pelo sistema, mas quando ele resolve se impor, quando a massa consumidora não aceita um produto, ele simplesmente sai de linha, desaparece das prateleiras porque ninguém o compra. Fora que a maior parte das grandes empresas estão continuamente pesquisando e se esmerando em adivinhar as vontades dos consumidores, para justamente lançarem produtos que serão largamente aceitos. A maioria ... e aqui não se inclui a indústria da moda. Mesmo que os consumidores não queiram, acabam cedendo e comprando o que existe disponível nas vitrines, pois por meses (as vezes anos) é apenas aquilo que será possível comprar. Ou seja, a necessidade acaba falando mais alto do que a vontade.

É por isso que digo: a moda é o tipo perfeito de ditadura. Afinal, alguém te obrigou a comprar aquela peça que você tem no seu guarda-roupa, mas não gosta muito, usa meio que por falta de opção? Alguém te coagiu, te ameaçou para que você fizesse essa compra. Alguém estabeleceu alguma regra, impôs alguma lei para que você comprasse e usasse a peça? Não! Você comprou porque quis, ou simplesmente porque precisava e nada mais te agradava. Não havia outra peça nas vitrines que te interessasse, todas eram, de uma forma ou de outra, mais do mesmo. E pior, é bem provável que quando você estava na loja, escolhendo e provando, você se convenceu que realmente gostava daquela peça de tanto ver esse mais do mesmo pelas lojas.

O gran finale é que a elite da moda sempre consegue o que quer. Eles sempre conseguem fazer que as pessoas vistam o que ELES querem, o que ELES julgam belo, chique, elegante. Eles, um bando de estilistas que fazem das passarelas suas telas em branco, usam agulhas como pincéis e tecidos como tintas. Sim, o que eles produzem é de fato arte, mas nenhum artista tem pretensão de impor sua arte como tendência ... a não ser os estilistas.

Quando andar pelo shopping novamente repare. Não haverá nenhum agente de ordem, nenhum sistema de vigilância da moda nem órgão repressor. Mas com certeza a ditadura da moda estará presente ali e colocará dentro do seu guarda-roupa o que quiser. O que ELES quiserem.




terça-feira, 20 de setembro de 2011

O ciclo do problema da energia

    Ontem, vendo no noticiário os protestos contra a energia nuclear no Japão, me vieram alguns pensamentos à cabeça. Se ecoou na cabeça, então achei que devia postar neste blog (afinal foi para isso que o criei não é mesmo?)
    Acho muito válido as pessoas protestarem com relação ao que não concordam. De fato se a população não mostrar sua indignação as coisas continuam estagnadas. Mas nunca fui adepto do “protestar contra” e sim do “protestar a favor”. A diferença? Simples: protestando contra o uso da matriz nuclear para produção de energia estamos claramente nos posicionando, mas não estamos contribuindo para a solução de um problema, pelo contrário, estamos criando apenas novos problemas; por outro lado, protestando a favor de algo, estamos da mesma forma colocando nossas opiniões, mas estamos também propondo uma solução aos problemas.
    Por conta desse meu posicionamento, me coloquei a pensar: qual seria o substituto da energia nuclear para o Japão? A favor de que eu protestaria nessa circunstância? Afinal, por mais controle e segurança que possa haver no uso da energia nuclear ela é perigosa e nociva e o desastre de Fukushima não nos deixa mentir. Daí cogitei as opções existentes (ao menos as que eu conheço): hidroelétricas não são viáveis para o Japão por conta de sua geografia e hidrografia; energia eólica não produz uma quantidade suficiente de energia para abastecer os níveis de consumo japoneses; termoelétricas atualmente são as piores opções por conta dos altos níveis de poluição que geram; energia solar é muito interessante, mas suas limitações técnicas não possibilitam a produção de energia em níveis necessário para abastecer um país com o Japão, além do que no período de inverno é uma fonte inútil de energia; um novo modelo baseado em células de hidrogênio pode até ser viável, mas tecnologias e estruturas para exploração em larga escala desse modelo teriam que ser criadas ainda, além do que seria uma matriz extremamente cara.
    Diante de tal quadro, cheguei à inevitável conclusão (aliás, a mesma conclusão das autoridades japonesas): o Japão não tem alternativa, a não ser continuar a depender da energia nuclear.
    Em paralelo a isso, mais à noite, minha mãe estava lendo na internet uma matéria sobre os novos modelos de carros elétricos já disponíveis nos mercados europeu, estadunidense e mesmo brasileiro. A questão dos carros elétricos é a pauta do momento na indústria automobilística. A maioria das grandes marcas está desenvolvendo estudos sobre o assunto e apresentado modelos que sejam cada vez menos dependentes de motores a combustão. Isso é algo excelente, pois motores elétricos não geram poluição e os escapamentos de automotores são um dos principais contribuintes para o efeito estufa, aquecimento global e outros danos ao meio-ambiente.
    Aparentemente esse cenário é muito interessante e promissor, mas aí me pergunto: de onde virá a energia para alimentar as baterias dos carros elétricos? Imaginemos o futuro ideal onde 90% da frota de automotores seja movida apenas por eletricidade. Provavelmente vamos abastecer o carro na tomada de casa, como os modelos e protótipos atuais. E de onde virá a energia que abastece nossas casas? No caso do Brasil, das hidrelétricas, que têm sido a nossa principal matriz energética nas últimas décadas e ainda tem potencial de expansão. Mas e no caso dos países do norte que não podem contar com essa matriz limpa e ainda dependem de termoelétricas ou usinas nucleares (como o caso do Japão)? Uma frota crescente de veículos elétricos implica diretamente numa crescente demanda por energia elétrica e consequentemente no aumento do número e/ou capacidade de estações produtoras baseadas ou num modelo altamente poluente ou num modelo pouquíssimo seguro e que as populações civis cada vez mais protestam pelo fim. Ou seja, ou estamos arriscados a trocar 6 por ½ dúzia (com as termoelétricas) ou a viver com uma bomba nuclear no quintal de casa (com as usinas nucleares).
    Espelho, espelho meu, tem aí alguma idéia revolucionária que vai dar fim a esse impasse? Rezemos para que sim!




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Caipirinha de Lima da Pérsia com Saquê

Não, não vou ensinar nenhuma receita de drink. A bebida do título desse post sempre foi, para mim, um dos símbolos do que é a cidade de São Paulo: uma cidade cosmopolita, uma cidade de misturas, fusões.

Em poucas cidades do mundo existe uma comunhão de pessoas de tantas partes diferentes do mundo (e mesmo de partes diferentes do Brasil). Cada povo traz consigo seus elementos típicos, sua cultura, e aqui em Sampa as coisas vão se misturando de uma forma única. E a caipirinha de lima da pérsia com saquê não me deixa mentir.

A primeira vez que vi esse drink (com essa fruta e essa base alcoólica) foi uma casa de salsa no Itaim. Ou seja, uma casa de cultura latina (mais especificamente, nesse caso, cubana). Ok, até ai nada de espantoso, fazemos parte da América Latina, não é uma mistura tão surpreendente.

Mas quando paramos para pensar que numa casa latina, vende-se um drink tipicamente brasileiro, feito a base de uma fruta originária da Ásia (não é à toa que tem o nome "da Pérsia"), com uma base alcoólica típica do Japão a mistura toda é pra lá de cosmopolita.

Antes que alguém me diga "é a globalização" eu pergunto: em que lugar do mundo você acha esse tipo de mistura? A primeira vez que vi esse drink foi na casa de salsa, mas em qualquer barzinho você encontra. É algo comum na noite paulistana, não exótico. E esse é o fator primordial.

Em São Paulo as culturas se misturam com muita naturalidade, por vezes até mesmo espontaneamente e o mais fantástico, sem destruir a cultura original. Afinal (seguindo o rastro do exemplo dado) encontramos muitas comunidades aqui em Sampa que ainda preservam as tradições japonesas, inclusive as que envolvem o saquê (que diga-se de passagem, no Japão é consumido de morno a quente). 

Por isso que eu adoro essa selva de pedra! Servidos a um drink tipicamente cosmopolita-paulistano?


Bem-vindos / Welcome / Bienvenida / Benvenutos / Willkommen / καλωσόρισμα

Pois é pessoas. Sejam bem vindos ao meu Blog. Depois de anos e mais anos em projeto, depois de já passada a onda dos blogs e muito depois do que minha própria vontade de publicar um, eis que aqui está! Meu Blog! (e aproveitando a deixa, como diria um amigo meu, antes tarde que mais tarde).

Por enquanto a casa é nova, está meio vazia, mas aos poucos as coisas vão ocupando seus espaços. Assunto para eu postar aqui não falta, minha mente vive habitada pelos mais diversos pensamentos sobre os mais diversos assuntos. Resta saber se o tempo, o perverso tempo, permitirá que eu aqui pouse com frequência (sem trema, a nova ortografia tirou isso - e foi uma das poucas mudanças úteis)

Fiquem à vontade. Leiam, comentem, compartilhem, critiquem, não gostem. Boas leituras a todos!